Seara Impõe Ritmo de Trabalho 435% Superior ao Limite em Frigorífico
Em um minuto de trabalho na linha de produção, funcionários de um frigorífico de aves da Seara na cidade de Forquilhinha, em Santa Catarina, chegam a realizar 174 movimentos. O número é 453% superior ao limite adequado e foi constatado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Esse cenário alarmante levanta questões sobre as condições de saúde e segurança ocupacional que os trabalhadores enfrentam diariamente.
Além de comprometer a saúde física e mental, o ritmo excessivo constatado aponta para o descumprimento de compromissos assumidos pela empresa em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). A situação exige uma análise mais detalhada sobre os impactos do trabalho em regime desigual e as responsabilidades das empresas com seus colaboradores.
Contexto da Denúncia e Ação do MPT
Diante da situação, o Ministério Público do Trabalho em Santa Catarina (MPT-SC) notificou a Seara Alimentos para que proceda imediatamente à adequação das condições de trabalho. Segundo o MPT, investigações comprovam que a empresa vem submetendo mais de 2 mil empregados ao ritmo de trabalho acelerado, o que gera um ambiente de trabalho insustentável e potencialmente perigoso.
As multas por descumprimento do TAC devem passar de R$ 1,2 milhão. O MPT tem levado a questão a sério, programando uma audiência para tratar do caso, marcada para o dia 8 de maio. Esse tipo de ação legal reflete a seriedade com que as autoridades estão tratando o tema da saúde ocupacional em frigoríficos.
Impactos da Exigência Excessiva de Produção
A pressão por produtividade muitas vezes leva as empresas a comprometerem a saúde dos seus trabalhadores. O TAC previa a aplicação do método Ocra para análise dos riscos por atividades repetitivas em membros superiores, com a limitação de 12 pontos no checklist. Simulações realizadas pelo MPT apontam que o ritmo de trabalho em frigoríficos de aves não deve exceder o limite aproximado de 40 movimentos por minuto.
Os números apresentados revelam uma disfunção clara na gestão de pessoas. Nos anos de 2023, 2024 e 2025, o MPT realizou inspeções e recolheu vídeos para analisar o ritmo e as demais condições de trabalho na unidade. Os relatórios técnicos confirmam que alguns trabalhadores estão executando atividades com até 174 movimentos por minuto, o que é alarmante e demonstra um desvio grave das normas de segurança do trabalho.
Responsabilidade da Empresa e Reações do MPT
Para o procurador do Trabalho Sandro Eduardo Sardá, do Projeto Nacional de Frigoríficos, mesmo após inspeções, relatórios técnicos e audiências no MPT, a Seara insiste em submeter os trabalhadores ao ritmo excessivo. Essa atitude levanta dúvidas sobre a ética corporativa e a responsabilidade social da companhia. Estar em conformidade com a legislação não é apenas uma questão de evitar multas, mas uma obrigação moral para com os colaboradores.
O procurador ressaltou que “se não houver, muito em breve, a adequação das condições de trabalho, o Ministério Público do Trabalho adotará as medidas judiciais cabíveis, dentre as quais a execução do termo de ajuste de conduta e o ajuizamento de ação civil pública com pedido de indenizações por danos morais coletivos e individuais”. Isso demonstra a seriedade com que o MPT encara o tema, e as possíveis repercussões legais que a Seara poderá enfrentar se não tomar ações imediatas.
Exemplos de Medidas e Ações Recomendadas
Em situações semelhantes, outras empresas têm ajustado suas operações para se adequar a normas de segurança e saúde. Um exemplo prático inclui a revisão das linhas de produção para garantir que a velocidade esteja dentro dos limites seguros. Além disso, investir em treinamentos e conscientização sobre ergonomia pode reduzir a incidência de lesões ocupacionais.
Os fabricantes podem ainda considerar a implementação de jornadas de trabalho mais flexíveis e pausas adequadas para garantir que os colaboradores possam se recuperar fisicamente. Medidas simples, como a rotação de funções e a introdução de tecnologia assistiva, podem melhorar significativamente a saúde física dos trabalhadores e sua produtividade.
Futuras Perspectivas
Com a crescente pressão social e legal para que as empresas melhorem suas práticas em saúde e segurança, espera-se que o setor de frigoríficos comece a adotar um padrão mais elevado de responsabilidade. A situação da Seara pode tornar-se um caso de referência para outras indústrias, demonstrando a importância de atender às normas regulatórias e de cuidar do bem-estar dos colaboradores.
Enquanto isso, o MPT deve continuar a monitorar a situação e garantir que ações efetivas sejam implementadas. O futuro da saúde no trabalho dependerá da disposição das empresas em priorizar o bem-estar dos seus empregados em vez de focar exclusivamente na produção.