**Introdução ao Cenário Atual**
A confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil acendeu um sinal de alerta no setor de exportação de carne de frango do país. Com embargos totais e parciais impostos por aproximadamente 40 países, incluindo China, União Europeia e México, as perdas financeiras são potencialmente avassaladoras, variando entre US$ 100 milhões e US$ 300 milhões por mês, conforme relatado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O tempo de duração desses embargos e a reabertura dos mercados são cruciais para determinar o real impacto econômico. Estima-se que 28 dias após a desinfecção, o Brasil pode se declarar livre da doença na área afetada.
O Brasil, reconhecido como líder global na exportação de carne de frango, produz cerca de 15 milhões de toneladas anualmente, das quais 5,3 milhões são exportadas. Dados de 2024 da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) mostram que em abril de 2025 o Brasil exportou 475 mil toneladas. Rogério Marin, CEO da Tek Trade e especialista em comércio exterior, destaca que a gripe aviária revela vulnerabilidades no setor, apesar de sua forte presença internacional, com exportações para 160 países. Este artigo examina as implicações desse cenário e analisa as estratégias necessárias para mitigar danos econômicos e restaurar a confiança dos mercados internacionais.
**Impactos Econômicos e Perda de Mercados**
Com a imposição de embargos por vários países, as exportações de carne de frango do Brasil enfrentam uma das suas maiores crises. Entre os países que suspenderam as importações de todo o território brasileiro estão Chile, Canadá, Malásia, Argentina, Uruguai e Coreia do Sul. A China e a União Europeia também interromperam as compras, enquanto outros países, como Reino Unido, Bahrein e Cuba, limitaram suas restrições especificamente ao Rio Grande do Sul, onde o caso foi registrado.
Rogério Marin enfatiza que a atual crise sanitária é um teste de resiliência para o país. Embora o Brasil mantenha altos padrões sanitários, a gripe aviária impõe desafios logísticos substanciais, renegociações de contratos e aumento nos custos com seguros, aspectos que muitas empresas provavelmente não haviam antecipado. A agilidade na contenção da doença e a transparência internacional serão fundamentais para minimizar os impactos econômicos dessa situação.
**Estratégias de Resposta e Restauração de Confiança**
Segundo Marin, uma resposta estratégica eficaz envolve ações rápidas e transparentes para restaurar a confiança dos mercados internacionais. Além da reabertura das fronteiras, o Brasil precisa investir na diplomacia técnica, reforçar a rastreabilidade e comprovar a regionalização dos casos, garantindo a estabilidade da imagem do Brasil como um fornecedor seguro e confiável a longo prazo. A implementação dessas estratégias é vital para assegurar contratos futuros e minimizar rupturas na cadeia de exportação.
O reforço em protocolos sanitários é crucial para evitar que novos casos prejudiquem ainda mais a confiança internacional. A crise atual destaca a necessidade de fortalecer as medidas de segurança sanitária e investir em tecnologias que aprimorem a rastreabilidade dos produtos, demonstrando que os incidentes estão contidos e sob controle.
**Implicações para Outros Setores do Agronegócio**
Apesar da pressão sobre o setor de carne de frango, as exportações de ovos permanecem estáveis. Com apenas 0,9% de sua produção destinada ao exterior, os Estados Unidos, o principal comprador, confirmaram que não aplicarão embargos às exportações brasileiras de ovos. No entanto, a crise reforça a importância de fortalecer não só os protocolos sanitários, mas também as estratégias de diplomacia comercial.
O agronegócio brasileiro, que em 2024 movimentou US$ 164,4 bilhões e representou 49% das exportações nacionais, enfrenta agora o desafio de adaptar-se rapidamente para proteger suas diferentes frentes de atuação. A diversificação das exportações e a busca por novos mercados podem ser caminhos viáveis para reduzir a vulnerabilidade do setor a embargos inesperados.
**Diplomacia Técnica e Rastreabilidade: Caminhos Essenciais**
A construção de confiança nos mercados internacionais passa pela diplomacia técnica. O Brasil deve demonstrar competência e compromisso com a segurança alimentar global. Isso inclui a cooperação com organismos internacionais e a troca de informações sobre os protocolos adotados para contenção do vírus.
Além disso, aumentar a rastreabilidade dos produtos é essencial para comprovar a origem e segurança dos mesmos. Sistemas tecnológicos avançados podem ajudar a rastrear a cadeia produtiva desde a granja até o ponto de venda, assegurando que produtos contaminados não cheguem ao consumidor final. Essas ações são cruciais para revitalizar o setor e trazer confiança de volta aos mercados.
**Conclusão: O Futuro do Setor Avícola Brasileiro**
O setor avícola brasileiro enfrenta um de seus maiores desafios com a imposição de embargos decorrentes da gripe aviária. Entretanto, essa crise também pode ser vista como uma oportunidade para fortalecer protocolos, tecnologias e diplomacia técnica. Com ações rápidas e estratégicas, é possível não só conter os prejuízos econômicos imediatos, mas também construir uma base mais sólida e resiliente para o futuro.
Em tempos de desafios, a inovação, a transparência e a cooperação global emergem como os pilares fundamentais que podem conduzir o Brasil de volta ao patamar de confiança internacional. A maneira como o Brasil abordará e superará essa crise será crucial para garantir que continue sendo um dos líderes no mercado global de proteína animal.
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